DICAS PET

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O peróxido de benzoíla é um ingrediente amplamente utilizado na dermatologia veterinária devido às suas propriedades antimicrobianas, queratolíticas e seborreguladoras. Seu uso é indicado principalmente no tratamento de dermatites superficiais, infecções bacterianas secundárias e distúrbios sebáceos em cães e gatos (Scott; Miller; Griffin, 1996; Yu, 2005; Hillier, 2014; Lucas, sd; ).


Mecanismo de Ação
O peróxido de benzoíla atua como um agente oxidante que libera radicais livres de oxigênio, promovendo um efeito bactericida, especialmente contra bactérias anaeróbicas como Staphylococcus pseudintermedius. Além disso, tem ação queratolítica, ajudando na remoção do excesso de sebo e na desobstrução dos folículos pilosos, tornando-o eficaz no tratamento da foliculite bacteriana e da acne felina (Miller et al., 2013).


Indicações na Medicina Veterinária
O uso do peróxido de benzoíla é indicado para diversas afecções dermatológicas, incluindo:


* Piodermites superficiais e profundas: O peróxido de benzoíla auxilia no controle da infecção bacteriana ao reduzir a carga microbiana e promover a renovação celular. Em casos de piodermites superficiais, sua ação antibacteriana contribui para a resolução rápida do quadro clínico. Já nas piodermites profundas, o peróxido de benzoíla pode ser um adjuvante no tratamento, melhorando a penetração dos antibióticos tópicos e sistêmicos (Guaguere; Prelaud, 2011).

* Seborreia oleosa: A seborreia é uma condição caracterizada pelo excesso de produção de sebo, levando à oleosidade excessiva e descamação da pele. O peróxido de benzoíla atua na regulação da produção sebácea e na eliminação de escamas e crostas cutâneas, proporcionando um ambiente mais saudável para a pele e prevenindo infecções secundárias. Em cães predispostos à seborreia, o uso regular de xampus contendo peróxido de benzoíla pode ser benéfico para o controle da condição. (Scott; Miller; Griffin, 1996).

* Demodicose: A demodicose é causada pelo ácaro Demodex canis, que pode se proliferar descontroladamente e levar a infecções secundárias. O peróxido de benzoíla, devido à sua ação queratolítica e antimicrobiana, pode auxiliar na remoção de detritos celulares e na redução da carga bacteriana associada às infecções secundárias. Embora não seja um tratamento primário para a demodicose, pode ser usado como terapia auxiliar em conjunto com medicamentos antiparasitários específicos (Scott; Miller; Griffin, 1996).

* Acne felina: A acne felina é caracterizada pelo aparecimento de comedões, pústulas e inflamação no queixo dos gatos. Devido à sua ação antisséptica e seborreguladora, o peróxido de benzoíla pode ser indicado para reduzir lesões pustulosas e comedões, ajudando a manter a pele limpa e livre de infecções bacterianas secundárias. O tratamento deve ser acompanhado por um veterinário, pois o uso excessivo pode levar a ressecamento e irritação (Malerba; Larsson; Gonçalves, 1987).



Aplicação Clínica e Cuidados
O peróxido de benzoíla é encontrado em formulações tópicas como xampus e géis a concentrações variáveis, geralmente entre 2,5% e 5%. Sua aplicação deve seguir a recomendação do médico-veterinário, pois seu uso excessivo pode causar ressecamento e irritação cutânea (Gaudiano, 2005). Recomenda-se o uso de hidratantes e a alternância com outros agentes terapêuticos para minimizar possíveis efeitos adversos.


Conclusão
O peróxido de benzoíla é uma ferramenta valiosa na dermatologia veterinária, proporcionando benefícios no controle de infecções bacterianas, seborreia e inflamações cutâneas. No entanto, sua aplicação deve ser criteriosa, respeitando a individualidade de cada paciente para garantir eficácia e segurança.

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REFERÊNCIAS

GAUDIANO, F. J. M. Veterinary Dermatology: A Manual for Nurses and Technicians. Butterworth-Heinemann, 1ª ed., 2005.
GUAGUERE, E.; PRELAUD, P. A Practical Guide to Canine Dermatology. 2nd ed. Ed. Royal Canin, 2011.
HILLIER, A., et al. Guidelines for the diagnosis and antimi-crobial therapy of canine superficial bacterial folliculitis (Antimicrobial Guidelines Working Group of the International Society for Companion Animal Infectious Diseases). Vet Dermatol, v. 25, p163-175, 2014.
LUCAS, R.; BEVIANI, D.; CLEEF. V. M.; BONATES. A. Manejo terapêutico das piodermites: aspectos clínicos, etiológicos e terapêuticos. Shering- Plough Coopers, [s.d], p. 03-31
MALERBA, T. A.; LARSSON, C. E.; GONÇALVES, M. A. Utilização do peróxido de benzoila na terapia da acne canina e felina. 1987, Anais. São Paulo: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, 1987. Acesso em: 17 fev. 2025.
MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E.; CAMPBELL, K. L. Muller and Kirk's Small Animal Dermatology. 7th ed. Elsevier, 2013.
SCOTT, D. W; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. Dermatologia de pequenos animais. 5.ed. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996. p. 01-1130
YU, A. A. Tratamento com xampu. In: RHODES, K. H. Dermatologia de pequenos animais - consulta em 5 minutos. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. p. 586-592.

Como citar esse artigo:

MUNDO ANIMAL. Papo Vet: Peróxido de Benzoíla na Prática Dermatológica Veterinária. Blog Dicas Pet. 2025. Disponível em: https://www.mundoanimal.vet.br/site/dicas_pet_view.php?t=Papo_Vet:_Per%C3%B3xido_de_Benzo%C3%ADla_na_Pr%C3%A1tica_Dermatol%C3%B3gica_Veterin%C3%A1ria&d=82&. Acesso em: data de acesso.